
Na abordagem junguiana, os contos de fadas são vistos como expressões simbólicas do inconsciente coletivo, refletindo arquétipos universais e os processos de individuação. O conto de Rapunzel pode ser analisado sob essa perspectiva como um relato do desenvolvimento psicológico e da jornada para a autonomia e a individuação.
Arquétipos em Rapunzel
1. A Torre – A Psique Aprisionada
A torre onde Rapunzel é mantida simboliza uma psique isolada, protegida, mas também reprimida. Pode representar o inconsciente dominado por uma Grande Mãe negativa, que impede o crescimento e a autodeterminação.
2. A Bruxa – A Sombra Materna
A bruxa que aprisiona Rapunzel pode ser vista como uma manifestação do arquétipo da Mãe Terrível. Embora forneça segurança, ela também impede o desenvolvimento da heroína, mantendo-a infantilizada e dependente. Essa figura representa os aspectos da psique que resistem à mudança e ao amadurecimento.
3. O Príncipe – O Animus
O príncipe que encontra Rapunzel simboliza o Animus, a parte masculina do inconsciente feminino, que impulsiona o desejo de aventura, liberdade e realização. Ele representa o chamado para a individuação e o encontro com o mundo externo.
4. A Queda e o Exílio – A Noite Escura da Alma
Quando a bruxa descobre o encontro entre Rapunzel e o príncipe, ela corta seus cabelos e a exila no deserto. Essa fase representa um momento de crise e dissolução do antigo eu, algo comum nos processos de individuação. O príncipe, por sua vez, cai e fica cego, simbolizando a perda de direção e o sofrimento necessário para um renascimento psicológico.
5. O Renascimento e a Individuação
No deserto, Rapunzel amadurece, aprendendo a sobreviver por conta própria. Quando reencontra o príncipe, suas lágrimas curam sua cegueira, simbolizando a integração do Animus e a conquista da autonomia. Aqui, ela se torna um indivíduo completo, capaz de amar sem dependência e de viver sua própria jornada.
Conclusão
Rapunzel é uma história sobre o crescimento psicológico e a superação da repressão psíquica. Simboliza o processo de libertação do feminino do domínio materno, a integração da energia masculina interior e a conquista da autonomia. O conto ilustra a jornada da individuação junguiana, onde a heroína precisa enfrentar desafios internos e externos para se tornar plena.
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